Um dos principais suspeitos de fraudes na Sudam, o empresário Geraldo Pinto da Silva, menciona em uma conversa telefônica gravada pela Polícia Federal que um governador prometeu arranjar R$ 10 milhões para ajudá-lo a liberar recursos para o projeto Ecopeixe no Amazonas. Esse governador seria Amazonino Mendes, apontado como o verdadeiro dono da Ecopeixe, um projeto cujos sócios são acusados de subornar fiscais da Sudam. O projeto previa receber R$ 33 milhões da Sudam. Na escuta telefônica feita pela PF, Geraldo Pinto revela-se bastante animado com a colaboração que iria receber. Ele diz a um interlocutor: ‘‘Olha, eu resolvi o problema do peixe (é a senha da Ecopeixe, segundo anotação feita por um policial)’’, diz Geraldo. Em seguida, ele se vangloria: ‘‘Eu dobrei todo mundo. Isto é, pedi para pagar depois da liberação. Tinha um acerto também. O governador resolveu abrir a guarda. Chamou a gente. Ele disse para mim, pela felicidade de meus três filhos: ‘Eu vou arrumar R$ 10 milhões para você. Não é possível que com isso você não consegue o incentivo e resolve o problema’. Entendeu?’’ O procurador da República no Amazonas, Sergio Lauria, afirmou que a Ecopeixe está sendo investigada, mas não há nada que a relacione com o governador do estado.

Em busca de apoio

A oposição no Congresso ao governo Fernando Henrique só tem até hoje para recolher as assinaturas que possibilitem a criação da Comissão Parlamentar de Inquérito da Corrupção. Caso não atinjam os 171 apoios necessários na Câmara, a oposição tentará instalar na quarta a CPI apenas no âmbito do Senado. O prazo, considerado ‘‘político’’, foi estabelecido pelos próprios líderes dos partidos de oposição. A demora em conseguir assinaturas na Câmara, segundo eles, pode prejudicar a criação da CPI no Senado, onde, desde a semana passada, já foram obtidas as 27 assinaturas necessárias para sua instalação naquela Casa. A oposição na Câmara elegeu o PFL como alvo principal hoje. Os congressistas tentarão convencer os deputados que seguem a orientação política do senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA), os chamados carlistas, a assinar o pedido com o seguinte argumento: a CPI diversificará as atenções amanhã voltadas apenas para a violação do painel eletrônico do Senado, na qual ACM é um dos principais envolvidos. (Agência Folha)

Ex-contador libertado

O juiz da 2ª Vara da Justiça Federal em Mato Grosso, Jeferson Schneider, revogou ontem a prisão preventiva de Florisvaldo Fúrio, ex-contador do empresário José Osmar Borges, apontado como um dos maiores fraudadores da Sudam. O pedido teve o aval do Ministério Público Federal. Fúrio foi preso na sexta-feira à noite, quando deixava a Procuradoria da República com o seu advogado, Jatabairu Francisco Nunes. O ex-contador é acusado de co-autoria na falsificação de documentos que supostamente resultaram no desvio de recursos da Sudam. Fúrio era o último da lista de suspeitos de fraudes que ainda se encontrava preso

CORREIO BRAZILIENSE